Aula-Concerto sobre Choro, Roma

Aula-Concerto sobre Choro, RomaPalestra sobre Choro na Universidade La Sapienza, Roma

Voltamos a Roma no dia 23 de outubro de 2009, desta vez para uma espécie de aula-concerto sobre o Choro, realizada na Universidade La Sapienza de Roma (Itália). O curioso é que o evento aconteceu em uma sexta-feira, mesmo fazendo parte da programação intitulada “As quintas-feiras da MuSa” (ora, um pouco de liberdade poética não faz mal a ninguém). Detalhes curiosos à parte, eu notei que o público assistiu interessadíssimo à aula-concerto e pôde conhecer mais em detalhes o Choro, território ainda desconhecido para a maioria dos italianos.

Antes que alguém me pergunte, MuSa é um abreviação anagramática interrelacional que corresponde a “Musica Sapienza”, que não por acaso é o nome da Universidade onde se situa o auditório conhecido por Sala MuSa. Muitas vezes encontramos no repertório de Choro algumas músicas com nomes engraçados e quase inexplicáveis, como por exemplo “Seu Lourenço no vinho”, “Espinha de bacalhau”, “ Diabinho maluco” e tantos outros; o nome do auditório, ao invés, não apresenta grandes dificuldades de compreensão.

Outro nome de fácil assimilação é aquele que fez título ao evento: ”Das danças de salão européias do século XIX ao Choro”. Claro e simples. Abrangente. Direto, sem maiores delongas.

Palestra sobre Choro na Universidade La Sapienza, Roma

Palestra sobre Choro na Universidade La Sapienza, Roma

De início, os professores Giorgio Monari e Denis 7 Cordas apresentaram um panorama do Choro, suas origens e sua evolução ao longo do século XX. Denis fez sua explanação em francês (além de grande conhecedor de música brasileira, ele é grande conhecedor de Asterix), o que deu um sabor gaulês ao evento.

Em seguida, Fabrizio Forte fez uma concisa porém abrangente descrição do violão 7 cordas, falando um pouco da técnica e da inserção desse instrumento no Choro, e eu concluí com mais ou menos algo equivalente sobre o bandolim.

O plano inicial era fazer uma apresentação mais detalhada de todos os instrumentos presentes (flauta, cavaquinho, violões de 6 e de 7 cordas, voz, pandeiro e bandolim), mas a escassez de tempo nos obrigou a conter a falação e partir logo para o concerto.

Antes de cada música, Giorgio fez breves comentários sobre cada um dos estilos. A idéia foi contemplar várias vertentes das que formam o repertório do Choro, então apresentamos, não necessariamente nesta ordem, as seguintes músicas:

Coralina (polca, de Albertino Pimentel)
Agradecendo (valsa, de Pixinguinha)
Receita de samba (samba-choro, de Jacob do Bandolim)
Cheguei (maxixe, de Pixinguinha)
Atlântico (tango brasileiro, de Ernesto Nazareth)
Carinhoso (choro, de Pixinguinha)
Jamais (choro-canção, Jacob do Bandolim)
Choros N.º 1 (choro para violão solo, de Heitor Villa-Lobos)
Yara (scottish, de Anacleto de Medeiros)
Proezas de Solon (choro, de Pixinguinha)

Além destas músicas do repertório consagrado do Choro, tocamos ainda o inédito Choro do Javali, uma composição do cavaquinista abruzzese Luigi Gentile, mais conhecido como Javali do Cavaco. Por outro lado, um dos momentos altos do espetáculo foi durante o choro Jamais, de Jacob. Ali pelo meio da música, Deborah recebeu o inesperado acompanhamento da sirene de alguma ambulância que passava pelas redondezas. Uma experiência única de musicalidade urbana que talvez nunca mais se repetirá (assim espero).

Os músicos participantes eram em sua maioria romanos. Jenifer Clementi, Giorgio Monari, Massimo Aureli, Ronald Jorge Faller e Giulia Salsone, além do mais romano de todos, o cavaquinista Roberto Guida. De Paris, o sempre presente Denis 7 Cordas. O Javali do Cavaco (Luigi Gentile) veio de uma pequena cidadezinha vizinha a Pescara, de cujo nome nem mesmo ele se lembra. Do Clube de Choro de Torino, estávamos presentes Fabrizio Forte, Deborah Nurchis e eu.