Choro na Feira d’Aligre
As nuvens dominavam, potentes, os céus parisienses desde que eu lá tinha chegado. Pois que no sábado, ao apenas ressoar as vozes que anunciavam uma bela de uma Roda de Choro no Marché Aligre (no coração do 12.º Arredondamento de Paris), os deuses gálicos resolveram tomar uma providência: abriram-se as nuvens, e o sol tomou conta da Place d’Aligre.
Começamos a tocar lá pelas 13h na mesas na calçada de um boteco, e saímos dali expulsos pela brisa noturna de Paris lá pelos entornos das 20h. Se por um lado atrapalhamos um pouco os pedestres, por outro lhes proporcionamos um pouco de boa música — não se pode dizer que tenha sido uma troca de todo má.
Porém, como diz um famoso ditado, durante uma calmaria tem sempre uma tempestade que acaba por preceder a calmaria consecutiva. Eis que toda aquele cenário perfeito para uma Roda de Choro foi ligeiramente atrapalhado pelo rumorear provocado pelo XLCXVII Congress National des Voitures de Nettoyage, ocorrido naquela mesma praça onde estávamos tocando, em horário relativamente coincidente.
Mas eles não eram pessoas más, inclusive consta que a entidade organizadora teria publicado em certo periódico seu a seguinte menção honrosa: “(…) le XLCXVII Congress National des Voitures de Nettoyage a été inesquécible avec la participation des musiciens du BANDO DO CHORÃO… Denis Cette Corde, Gwen du Trompé, Yesser du Pandérau, Marc du Band d’Eau-Ligne (…)”