Palestra sobre o Violão 7 Cordas, Roma
Cada vez mais, o Choro rola solto em Roma! Em junho, fizemos três dias de muita música brasileira na famosa cidade eterna (19, 20 e 21). Na sexta-feira dia 19 realizamos uma palestra sobre o Violão 7 Cordas na Universidade La Sapienza de Roma. Três violonistas coordenaram o debate: Fabrizio (Itália), Denis (França) e eu mesmo. A palestra foi muito interessante e produtiva porque cada um dos três violonistas possui uma formação bastante diferente, e a partir destes três pontos de vista diferentes acredito que conseguimos mostrar de forma bem abrangente as principais características do instrumento.
Iniciamos com um panorama histórico do Violão 7 Cordas; desde os baixos e contrapontos então executados pela tuba e o trombone nos primórdios do século XX, passando pela criação do violão “com uma corda mais” e pela sua afirmação nos grupos de música popular, até chegar ao atual caráter de acompanhador/solista, em um universo em expansão que continua ainda hoje.
O público demonstrou-se particularmente interessado por questões relativas aos fraseados típicos do 7 Cordas e sua coordenacão com a melodia. Como exemplo, executamos de várias formas diferentes a parte A de “Receita de Samba”, de Jacob do Bandolim. Ora somente a melodia com um acompanhamento básico, ora a melodia acompanhada de baixarias típicas.
Em uma das repetições da parte B de “Receita de Samba”, a melodia pára e abre o tradicional espaço para o 7 Cordas solista, para em seguida retornar ao tema A. Com todas estas idas-e-vindas, procurávamos demonstrar como, dentro de um mesmo choro, o Violão 7 Cordas pode assumir vários papéis diferentes.
O público era misto, notei que cada um tinha um contato diferente com a música brasileira, e todos demonstraram uma receptividade e um interesse muito grandes. O Violão 7 Cordas é um instrumento pouco conhecido na Itália, e eu noto que geralmente os fraseados do 7 Cordas (melhor: a linguagem do Choro como um todo) desperta sempre grande interesse não só dos violonistas mas do público em geral, e palestras desse gênero só contribuem para difundir ainda mais toda a riqueza da música instrumental brasileira.