Roda de Choro Internacional
Agora que o calor pior passou, o Clube do Choro de Torino retoma a todo vapor as Rodas de Choro que vimos organizando sistematicamente. Aliás, Torino vem se firmando como um dos grandes celeiros do Choro na Europa, fato que, gostaria de crer, já será de conhecimento de todos a esta altura do campeonato.
A grande expectativa em Setembro ficou por conta da estréia mundial dos cavaquinhos novos de Roberto Gvidvs e Luigi Gentile (este último mais conhecido por Javali do Cavaco). Em recente viagem das históricas naus Santa María, Pinta e Niña, em meio às tradicionais especiarias trazidas da Índia, foram trazidos no compartimento de bagagens dois cavaquinhos provenientes do Brasil (um construído pelo luthier Manoel Andrade, outro pelo luthier Araújo). Tal desvio de rota, provocado pelo intrépido navegador Cristóvão Ruviaro Colombo, resta ainda inexplicado junto à Corte Espanhola.
Mas enfim, fato é que o Clube do Choro de Torino realizou um intensivo de Rodas nos dias 10, 11 e 12 de Setembro de 2010 — uma juntura entre uma sexta, um sábado e um domingo. Na sexta-feira, dia 10, esquentamos os motores na Praça Pixinguinha, um local de fulgurante beleza que, se não fosse pela extraordinária visão urbanística de Napoleão, ainda seria uma provinciana fortificação militar piemontesa ainda nos tempos de hoje em dia.
No sábado, dia 11, a Roda de Choro mais importante tomou lugar no Officine Bohemien (via dei Mercanti, 19). Officine Bohemien é um aconchegante espaço no centro de Torino. O Choro rolou solto desde as 19h30min, e foi que foi, até que a tendinite de terceiro grau acometeu todos os músicos e vimo-nos forçados a encerrar a noitada.
Já para a Roda do domingo dia 12, a mescla entre lasanha all’amatriciana e Maxixes do Pixinguinha foi o prato principal da Roda de Choro em Vinovo, na casa dos sempre hospitaleiros Fabrizio e Deborah. Esta Roda, à exceção das outras, teve hora para acabar: 21h, devido aos sempre presentes vizinhos. Sabe como é, os vinoveses precisam de muita tranquilidade e silêncio para assistir aos extraordinariamente educativos e superbos programas de TV que solitamente invadem a grade da televisão dominical.
Uma quantidade avassaladora de músicos participou deste intensivo chorístico. Assim como Denis e Charlotte, ambos chorões parisienses, tantos outros mais provenientes de vários rincões da Europa, alguns assaz remotos, promoveram verdadeiras cruzadas para chegar à Turim de tantos maxixes.
O caso mais notável foi o da delegação javalandesa, que trombou-se com um congestionamento homérico na Emilia-Romagna, demorando cerca de 32,7 horas para trespassar uma meia dúzia de quilômetros bolonheses. Já a delegação tedesca passou duas noites no túnel Loetschberg. A delegação romana, por sua vez composta de apenas um integrante, ficou surfando em Santa Severa e chegou com atraso de mais de 24 horas.
A lista completa dos músicos participantes:
— Charlotte, cavaquinho
— Roberto, cavaquinho
— Luigi, cavaquinho
— Simone, piano
— Deborah, voz e pandeiro
— Gisinho, pandeiro
— Denis, violão de 7
— Fabrizio, violão de 7
— Cristiano, violão de 7
— Daniele, violão de 7
— César, violão de 7
— Paolo, acordeon
— Fred, bandolim
— Marco, bandolim
E claro, não podemos deixar de mencionar as sempre presentes companhias da Fernanda, da Helen, da Eleonora e da Libby, que aguentaram horas e horas seguidas de Choro sem reclamar uma vez sequer que fosse.
Além de toda essa gente, honraram-nos com sua presença também o Príncipe Charles, o Rei Juan Carlos e o Rei Roberto Carlos; a realeza toda em peso. Além dos déspotas, acudiram às Rodas ainda o sanguinário ditador do Zimbábue, Renée Mbatonga, e o célebre Canela, sanguinário zagueiro do XV de Jaú na década de 60.
Preparem-se para as próximas. Vocês não sabem como chegar nem à Praça Pixinguinha, nem à Officine Bohemien, nem a Vinovo, nem mesmo à Itália? Ora pois, não é o caso de desesperar-se, basta contatar-me pelo +39 389.193.1335, ou então dar uma olhadela de soslaio no Google Maps.