Sampa, com Tati Valle e Marco Ruviaro
Alguma coisa acontece com meu violão… que só quando encaro, frente a frente, a dura e concreta poesia de Caetano. Nada do que era antes, nem mesmo a feia fumaça que sobe e torna São Paulo irrespirável, nem mesmo a força da grana que arrasa a cidade, nem mesmo a deselegância discreta das meninas paulistanas, nada logra ser a mais completa tradução do que realmente é São Paulo; para compreendê-la, de seu avesso ao próprio avesso, faz-se mister cruzar, ao menos uma vez, a Ipiranga e a São João.
A propósito dessa música, tem um lance que eu acho curioso. Bastante gente acha que Sampa é uma bossa-nova, um samba, ou sei lá o que mais. Porém, Sampa é um choro — basta ver a gravação original do próprio Caetano de 1978. Pandeiro na marcação e um 7 cordas rasgando nas baixarias.
Tati Valle, violão e voz
Marco Ruviaro, violão 7 cordas