Sinhá, de Chico Buarque e João Bosco
De vez em quando ocorre algum arranjo domenico-matinal sem maiores propósitos. Pois bem, foi o que aconteceu com esta música, mais uma obra-prima dos mestres dispensa-apresentações Chico Buarque e João Bosco. Um samba com tendências africanas, como o próprio samba na sua origem, acentuadas pela história contada — a de um escravo acusado de ter-se interessado por Sinhá.
Mas comentar sobre as prodigiosas canções de Chico e João é como chover no molhado. Produzido pelos Estúdios Chorísticos Irineu de Almeida — cujos recursos são notoriamente escassos, porém aproveitados ao máximo —, esse vídeo tem uma característica que se difere de outros destes tantos que se vêem por aí em circulação, sobretudo nas tais das redes sociais. Serve de sugestão aos músicos, sim, dirige-se àqueles que publicam por aí afora vídeos muitas vezes com belas interpretações, porém com um áudio que não faz inveja nem sequer ao ronco ébrio de uma capivara manca de ressaca após uma noitada na beira do Tietê.
Trabalhamos com música, e deixar que apressados posts nos meios de comunicação online prejudiquem a essência do nosso trabalho — o som — é, no mínimo, um desleixo inadmissível. Hoje em dia não é mais necessário gastar 10 quaquilhões de cruzeiros para conseguir um microfone singelo porém eficaz que resolva a questão.
Lançada a dica.