A vida é um buraco (Pixinguinha)

Já se passaram quase dois meses do término do 2.º Intensivo de Choro, e temos ainda muita coisa registrada que permanece inédita! Dentre as incontáveis centenas de gravações em áudio e vídeo, encontrei um choro particularmente divertido e publicável… essa gravação possui uma característica muito interessante: saiu do jeito que veio. Nada foi ensaiado ou arranjado; simplesmente ligamos as câmeras e os microfones, amordaçamos a velhinha que gritava da janela defronte com um passante, e voilà!, mandamos ver no choro. Trata-se na realidade uma bela de uma polca, do sempre maestro Pixinguinha.

Eu diria que a vantagem desse tipo de processo produtivo, imprevisível e irreverente, onde a improvisionabilidade suplanta a perfeição, é o revolucionar-se dos tradicionais e antiquados meios de execução musical. Tudo feito de primeira, na raça, sem margem para grandes arranjos e estudos prévios. Para a execução de A vida é um buraco — tema atualíssimo, diga-se de passagem — fomos convocados eu mesmo para tocar violão 7 cordas, e o Javali do Cavaco para, obviamente, tocar cavaquinho. Uma notinha errada aqui, uma baixaria meio mal-colocada acolá, mas nada disso importa. O que importa é que Saiu do jeito que veio.